Abstract:
Abelardo apresenta uma ética inspirada na teoria volitiva de Agostinho e na ideia aristotélica da virtude. A Estagirita não considera as virtudes morais como conhecimento e acredita, em vez disso, que elas são um habitus (ἕξις) adquirido e conquistado pelo esforço e pela prática (ἔθος). Entre as quatro virtudes cardeais, a prudência não constitui uma virtude moral, mas uma dianoética que pertence ao campo das virtudes intelectuais. No entanto, essa qualidade é diferente porque é a única virtude intelectual que se aplica à vida prática (πρᾱξις). Ao retomar parcialmente o modelo aristotélico, Abelardo acredita, por sua vez, que a prudência (prudência) não é, a rigor, uma virtude e lhe confere um status particular. Portanto, ele não segue mais a distinção de Aristóteles entre diferentes tipos de virtude, nem aceita a explicação de sua natureza. Neste artigo, primeiro examinamos a própria teoria aristotélica da virtude, mostrando principalmente a diferença entre virtude moral e virtude dianoética. Em seguida, tentamos entender melhor a visão de prudência abelardiana, que se afasta do pensamento de Aristóteles, segundo a qual a prudência é claramente uma virtude. Aproveitamos a oportunidade para levantar algumas hipóteses sobre a distância que Abelardo mantém de seu professor inspirador.